Malaquias – Mensageiro da Aliança
LEITURA BÍBLICA: Ml 3.6-12,18
"Deus deseja um culto que restaure a prática da justiça."
Introdução :
A apostasia espiritual que levou o povo à corrosão moral trouxe o caos social.
Esse cenário sinaliza para o “Dia do Senhor”, um ajuste de contas definitivo com corações endurecidos, com mãos e pés enlameados pelo pecado, com almas de humanos que perderam o temor de Deus e, assim, o senso de certo e errado.
Mas esse não é a ideal expectativa sobre esse Dia do Senhor: para tanto, Ele deseja para seu povo RESTAURAÇÃO! Apesar das mazelas e deformidades de Israel, Ele não havia mudado em relação a Seu povo e Sua aliança permanece de pé, fiel.
“O ideal de Deus é que seu povo, ao adorá-Lo seja restaurado para justiça a qual ele foi designado para viver” (Lm 3.22; Ef 2.10; Tg 4.7).
1. O culto restaurador está firmado no caráter de Deus (v6)
1.1. Todas as derrotas e mazelas lançadas sobre Israel ou mesmo criada por Ele nãopuderam alterar a natureza do caráter da Aliança. “A causa do Seu amor por nós é Ele mesmo”, afirma Hernandes Dias Lopes (Is 43.1-4; 22-25; Rm 11.33-36);
2. O culto restaurador revela uma graça irresistível (v7)
2.1. Uma graça que não desiste: a persistência dolavandeiro e a meticulosa diligência do ourives (Ml 3.2) fala do trabalho de Deus em chamar para si aqueles que por si mesmos nãopodem ser qualificados como povo de Deus (idem; Is 4.4-6; 1Co 3.13-15);
2.2. Uma graça que muda o rumo (tornai): a iniciativa de restaurar parte de Deus ao convidar ao arrependimento – mudar de rumo, na direção oposta que o pecado sinaliza (Jr 4.1,14; At 2.38; Ef 2.1);
2.3. Uma graça acolhedora (eu me tornarei): Quando Seu povo volta-se para Ele, Deus se torna para Seu povo em benção e prosperidade (Charles Feinberg). Deus não está em negociação: Ele QUER rendição e por isso oferece redenção. A reação naturalmente humana a essa obra está na indiferença (v7). O despertar de consciência é a graça que recebemos quando ele nos acolhe (idem; Cl 3.1-4).
3. O culto restaurador é aquele que exercita a fidelidade
3.1. A ousadia em “roubar a Deus” (qaba, hebr, ‘tomar à força’, assalto planejado, intencional, ostensivo), o provedor, protetor e salvador de Israel conjugada no plural ressalta o grau de iniquidade social produzida pela apostasia espiritual coletiva. Mathew Henry chama o cenário de “conspiração contra Deus” (v8);
3.1.1. Dízimo (hebr. Maser; grg dexatem) significa 10% de alguma coisa ou valor, a décima parte de tudo que um homem recebe (gn 14.20; Ml 3.10); “Dízimo não é invenção da igreja, é princípio perpétuo estabelecido por Deus... não é dar dinheiro à Igreja, é ato de adoraçãoao Senhor... não é opcional, é mandamento; não é oferta, é dívida; não é sobra, é primícias; não é um peso, mas é uma benção.” (Hernandes Dias Lopes)
3.1.2. O dízimo é bíblico integralmente: está na Lei (gn 14.20), nos livros históricos (Ne 12.44), nos livros poéticos (Pv 3.9-10), nos livros proféticos (v10) e também no NT (Mt 23.23; Hb 7.8). O dízimo não é uma questão meramente financeira mas sobretudo espiritual. A saúde espiritual do povo de Deus se atesta em sua mordomia financeira (Mt 6.24);
3.1.3. O dízimo é parte do culto. Não há culto sem oferta (Dt 12.6);
3.1.4. É na fidelidade da mordomia financeira que o povo de Deus cumpre seu papel sacerdotal , o qual não é próprio ao incrédulo, qual seja custear a obra de Deus e seu sustento (2Cr 31.11-12);
3.2. 8 Justificativas (que provam a Deus) sobre a manutenção do Dízimo:
3.2.1. “odízimo édo VT”: na verdade, o dízimo está em toda a bíblia como já vimos. Isso porque ele está no âmago do ministério de Cristo, vislumbrado no sacerdócio de Melquizedeque. Sua oferta entregue por Abraão demonstra reverência ao Deus verdadeiro e reconhecimento do Seu ministro (gn 14.20-22; Hb 7.4);
3.2.2. “odízimo deveria ser aplicado na área social:” a mesma Bíblia que fundamenta o dízimo é a mesma que o associa à prática da justiça. Ambos dever ser praticados para os seus devidos fins (Lc11.42; 18.11-14);
3.2.3. “o que eu ganho não sobra...”: o dízimo é um princípio espiritual que não só ensina a priorizar o reino de Deus como também ensina os princípios de uma boa organização doméstica – gn 28.20-22; Nm 18.21-32 (não se pode consumir tudo que se labora);
3.2.4. “Tem crente que é dizimista mas vive em aperto ou é pobre”: Ver. Hernandes Dias Lopes nos adverte: “Não basta ser dizimista, é necessário ter a motivação certa”. A conjugação entre riqueza e felicidade está em ‘abrir mão do que não se pode reter para ganhar o que não se pode perder’. Servimos a Deus por quem Ele É e não por aquilo que vamos receber (ou não) dele. Vide Jó 1.20-21; Dn 3.16-18;
3.2.5. “Não senti no coração de entregar o dízimo”: não é uma questão emocional, mas de fé obediente a entrega do dízimo (Gl 6.7-9). É fato que a falta de transparência e boa gestão financeira é um fomento à instabilidade emocional de muitas pessoas que intoxicam suas relações pessoais, carreiras, negócios, vida social e ministerial inclusive. Dízimo está no campo da ação pela fé, antes de ser uma opção emocional;
3.2.6. “A Igreja não administra bem meu dízimo”: Deus nos mandou trazer todos os dízimos à casa do tesouro, mas não está me nomeando fiscal do dízimo. Lembremo-nos de que haverá prestação de contas de toda a mordomia estabelecida na Casa de Deus e pelos seus servos (Hb 4.13; 13.17);
3.2.7. “A igreja é rica e não precisa do meu dízimo”: quem perde com a infidelidade financeira é o próprio crente em primeiro plano. Não a igreja, o pastor ou a obra de Deus. (Hb 7.8)
3.2.8. “Eu não concordo com o dízimo”: se discordamos seletivamente de um princípio da Palavra de Deus é porque somos contrários à toda ela (Mt 22.21; Rm 13.1-7; 1Pe 2.14-17);
3.3 A correlação do verbo ‘roubar’ em Malaquias está associada à injustiça social feita pelos poderosos contra os mais pobres: por quem Deus tomará partido nessa causa! (Ml 3.8; Pv 23.22-23);
3.4 (Conclusão) O exercício da fidelidade restaura o povo eleito das perdas materiais e das falhas morais resplandecendo nele o brilho digno da face do Senhor (V. 11-12, 18; Sl 34.5; Is 60.1)