LIÇÃO 1 - O QUE É ESCATOLOGIA?

Escrito em 04/03/2023
IB Monte da Fé


Lição 1 – O QUE É ESCATOLOGIA, E POR QUE ESTUDÁ-LA?

Verso chave - “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo”. Apocalipse 1:3

INTRODUÇÃO

Escatologia é um termo constituído de duas palavras gregas: escathos e logos, que se traduzem por “últimas coisas” e “tratado” ou “estudo”.

É o estudo acerca de coisas e eventos futuros determinados por Deus em sua Palavra.

Nas primeiras palavras do texto de Apocalipse 1.1a podemos entender o sentido da escatologia para a Igreja:

Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer”.

Em resumo, significa para os cristãos “o estudo ou a doutrina das últimas coisas”.

I. O CAMPO DA ESCATOLOGIA BÍBLICA

1. A escatologia tem sua base na revelação divina.

A Bíblia nos revela a vontade de Deus à humanidade. Inicialmente, Deus escolheu a semente de Abraão, ou seja, o povo de Israel, para revelar a sua vontade.

Mais tarde, Deus ampliou o campo da sua revelação e formou um novo povo, a Igreja, constituída de judeus e gentios (Ef 2.11-19).

A partir de então, a Igreja é o alvo da revelação divina e caminha neste mundo com a esperança de que seu Redentor vive, e que, por fim, se levantará sobre a terra. (Jó 19:25).

Ela existe por causa da esperança (Rm 5.2; 8.24; Ef 4.4; 1Ts 4.13).

O mundo pagão se fecha dentro de um fatalismo histórico, sem expectativas, sem futuro, mas a Bíblia revela o futuro.

2. A preocupação principal do estudo da escatologia é interpretar os textos proféticos das Escrituras.

As verdades proféticas se tornam claras e definidas quando se tem o cuidado de interpretá-las seguindo os princípios de interpretação, respeitando o sentido literário (profecia não igual a poesia, por exemplo), observando o seu contexto histórico e doutrinário.

O apóstolo Pedro teve o cuidado de explicar essa questão quando escreveu:

E temos mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração”, 2Pe 1.19.

Na verdade, o apóstolo procura contrastar as ideias humanas com a palavra da profecia escrita na Bíblia.

Ele fortalece a origem divina das Escrituras e da sua profecia.

Não podemos duvidar e nem admitir falha na Palavra de Deus.Ela é inspirada pelo Espírito Santo (2Tm 3.16).

A inerrância das Escrituras tem sua base na infalibilidade da Palavra de Deus. Outrossim, o mesmo autor declara que “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”,  2Pe 1.20,21.

Podemos considerar ainda o fato de que todas as profecias bíblicas que já deveriam ter sido cumpridas, se cumpriram, por exemplo, a queda da Babilônia profetizada por Daniel antes mesmo do tempo (Dn 2:38-39).

II. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA ESCATOLOGIA

Na história da Igreja têm sido adotados vários métodos de interpretação no que concerne às escrituras proféticas.

Eles têm produzido explicações e posições que obrigam os cristãos a serem cautelosos. As teorias são várias, mas precisamos ser definidos sobre o assunto. Para isso, dois métodos de interpretação devem merecer a nossa atenção.

Interpretação Preterista de Apocalipse

O método Preterista considera o contexto histórico na interpretação do Apocalipse, ou seja, muito do simbolismo presente no livro está relacionado aos acontecimentos contemporâneos da época em que foi escrito.

No Preterismo, muitas das profecias do Novo Testamento também foram cumpridas na destruição de Jerusalém em 70 d.C. e em eventos do período da igreja primitiva.

Dentro da interpretação Preterista, existe uma classificação que podemos chamar de Preterismo Moderado e Preterismo Radical (ou Hiperpeterismo).

Basicamente a diferença é que o Preterismo Radical, por exemplo, acredita que tudo foi cumprido em 70 d.C. na destruição de Jerusalém e depois na queda do Império Romano, enquanto o Preterismo Moderado acredita em uma segunda vinda de Cristo, ressurreição dos mortos e julgamento final. Os preteristas, pelos menos em sua maioria, identificam a besta como sendo o Império Romano, o falso profeta seriam os sacerdotes que instituía o culto ao imperador, a grande meretriz como sendo a cidade de Roma ou a própria Jerusalém apóstata.


Interpretação Historicista de Apocalipse

No Historicismo, as profecias do livro de Apocalipse (e outras profecias bíblicas), são interpretadas como se fossem se cumprindo ao longo da história.

Dessa forma, muitas profecias já se cumpriram, outras estão em pleno cumprimento, e também há aquelas que ainda se cumpriram, ou seja, seria como um esboço da história da igreja desde o século I até a Segunda Vinda de Cristo.


Interpretação Futurista de Apocalipse

Na interpretação Futurista, quase tudo no livro de Apocalipse está relacionado aos acontecimentos futuros do fim dos tempos – para alguns com exceção apenas dos três primeiros capítulos.

A interpretação Futurista (em sua maioria) crê que haverá um arrebatamento secreto da igreja antes de um período de sete anos de grande tribulação, a besta será um líder político que liderará um governo mundial, o falso profeta seria uma espécie de ecumenismo religioso que tomará o mundo no governo do Anticristo e ao final Cristo voltará para livrar o povo de Israel e estabelecer um reino literal de mil anos (Milênio) na terra.


Interpretação Idealista de Apocalipse

A interpretação Idealista pode ser definida como totalmente simbólica, na medida em que interpreta toda descrição presente no livro de Apocalipse como símbolos, verdades ou ideais espirituais, ou seja, nada irá ocorrer realmente de forma literal e histórica, mas completamente de maneira espiritual.

De forma resumida, o Idealismo interpreta o Apocalipse como um símbolo da luta entre o bem e o mal, entre a igreja e o paganismo dominado pelo poder satânico.

 

III. A PROFECIA NA PERSPECTIVA ESCATOLÓGICA

 

1. A profecia cumprida e a futura. Para que a profecia bíblica tenha o crédito que merece, devemos estudá-la no que concerne ao que já foi cumprido e, também, referente ao futuro.

Uma grande parte dos livros da Bíblia contém predições.

Quando estudamos as profecias cumpridas podemos enxergar o seu caráter divino, e fazer distinção com as profecias não cumpridas.

Jesus, em seu discurso aos discípulos no aposento alto, falou do ministério do Espírito Santo após sua ascensão aos céus, e disse:

Ele vos ensinará e vos anunciará as coisas que hão de vir”, Jo 16.13.

2. A profecia e o ministério da Palavra. Toda declaração bíblica sobre profecia é tão crível quanto àquelas declarações históricas.

Certo autor de teologia declarou que “a história da raça humana é a história da comunicação de Deus com o homem”.

Deus mesmo recorre à sua Palavra, não como uma simples evidência da verdade declarada, mas como a única forma pela qual nós podemos obter uma perfeita e completa visão do propósito divino em relação à salvação.

Por isso, precisamos observar a história do passado, presente e futuro.

Devemos ter confiança de que assim como teve cumprimento a Palavra de Deus no passado e o tem no presente, o mesmo acontecerá com as profecias relacionadas ao futuro.

CONCLUSÃO

As Escrituras Sagradas apresentam a verdade. Não importa o que dizem as várias escolas de interpretação. Suas interpretações podem variar e até estar equivocadas. E, nem a Bíblia se presta a dar apoio a qualquer sistema de interpretação.

O futuro é uma parte do plano de Deus, e só Ele conhece tudo o que encerra a profecia.

As opiniões humanas só têm valor enquanto estiverem em conformidade com as Escrituras.